sexta-feira, 18 de junho de 2010

Routine

madrugada vazia
agenda cheia e fria
monocromatizando a matina
modelando as tardes para ver passar
para ver ir embora
infelicidade não adjetiva horas
adjetiva vidas

mas que não é escolha
não é alternativa
é coisa vivida
aos anos e aos poucos
mergulhando e nadando macio e sereno
na incontrolável leveza da rotina
feito cortina em brisa da tarde
feito algodão doce, feito sotaque gostoso
feito ternura, cafuné e cansaço
[é inegável que combina sem esforço]

mas que tem uma coisa nossa, só nossa
que é nossa maior felicidade
mais que flores ao acaso
mais que um beijo sorteado no tempo
mais que um abraço do vento
mais que coisa enlatada
mais que férias, domingos ou feriados
não há felicidade maior para a rotina que o imprensado
pois que amarra e torna possível
a ida e a volta dos que nunca são

para a segunda sempre pontual...

Sobre o amor e outras coisas...

Não é necessário, não é óbvio, não é prático!

É simplesmente e completamente complexo, desnecessário e inevitável!

É quase como estar possuído por uma retroescavadeira...

Embaralho

Sensatez não é coisa certa, não é coisa sólida, não é coisa útil
é coisa besta de quem não tem nada a perder no acaso
que tem tudo sob controle e sob medida
é coisa fingida de quem tem receios
de quem não arrisca, não petisca[não fuma, não bebe, não fode...]

Sensatez é coisa amargurada
de quem não tem fundo de poço, só tem uma beira, uma borda
de um buraco que nunca existiu [barreiras pra não-escaladas]
feito galinha sem muito osso, coisa maciça e sem graça

Sensatez é coisa amarela ainda
de um nunca ainda, um quase ainda, um quem sabe um dia ainda
[mas é nunca mesmo!sempre será...]

Tenho compaixão dos sensatos, pra não dizer abusinho
pra não dizer peninha, pra não dizer que tenho uma vontade imensa
tão grande e tão imensa e tão petrificante
de saculejá-los até formigar o cerebelo
de lhes arrancar os cabelos e coagulos...

pra não dizer que não tenho nada de bom no meu coração
eu tenho pulsos aleatórios[ritmados]
como qualquer outro futuro cadáver não emancipado
mas se sensato sou, ainda em meus inglórios dias
deixo uma mensagem vazia de quem não tem vários contos, vários casos
mas um receio bem grande de uma desilusão precoce
de uma morte prematura, de uma verdade crua
da impotencia frente ao inevitável

perdão se não sei distinguir o que é ser sensato
o que é ser covarde...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Braboletas

não vivo, não sonho, não sinto!

nego qualquer ato de insanidade
pois que nada sei desses assuntos dificeis...