quinta-feira, 9 de abril de 2009

Balde

.

Amanheceu, nascente...

decresce da alma um amor infantil
porque falar de amor já é piegas
já é de praxe, não me preenche mais
nada mais nos preenche...

sopro um sopro vazio nessa corneta de sonhos intocados
nesse soneto sarcástico que é a vida
bonita, bonita...

quero-te mangar das valsas, das caretas do acaso
das tuas maças do rosto...das sardas que Deus nos deu...

porque a minha graça é a graça que eu tiro das coisas tuas
das nossas coisas, dessa nossa mania de ser cara de um e fuça do outro
não que não me queira gabar...mas sou tuas partes mais partes,
mais peculiares que te fazem assim, que me fazem assado...

sou um pedaço crescente...um balde d'água na margem do rio
pronto pra se jogar, pra se molhar nas turvas águas
pra se encher, pra se esbaldar...

as vezes eu só preciso de um pingado orvalho de esperança...
deixa eu cair na água antes que a chuva passe
antes que o rio seque...

.balde.

.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"Um pouco de personalidade"...minha versão à Google

.

Personalidade é uma questão de escolha...
a minha escrevi "by myself" e guardei no fundo do armário...
(junto com as minhas meias desemparelhadas e meu sotaque de gente da capitár!)

Matuta e de pé na laje...meu amor não é igual ao seu, nem minha paixão é igual a sua...
eu amo coisas que você não enxerga, coisas que talvez nunca vai enxergar...
(nem que eu te esfregue na face...)

Minha paixão se abstrai na loucura do homem, no ritmo das máquinas e na exatidão das coisas que duram, que perduram, inerentes as novas coisas que apenas são...
(uma túia de coisas a mais...)

Meu amor está nessa ambiência tão...evolúpticamente efervecente das coisas que ficam, que ficam, que ficam...
eu amo essa coisa coisada que essa minha cidade guarda...
minha orgástica Recifuligem!

Não sei...essas tuas águas, meu rio de coisas passadas...
deve correr nas minhas veias...e nas veias véias dessa cara e mal amada cidade magestosa.
(É como uma saudade eterna de coisas que ainda virão... )

Ai, como queria te narrar teus saltitares tilintados de um coração baqueado e estonteante, estrondoso...e MÁGICO!
inenarrável figura que me colore a alma...
que me sorri a boca, que me bate na lembrança um batido surdo...

Esse é meu amor que não sei narrar...
que será sempre teu...
minha linda e eternamente..

.Recife.

.

domingo, 5 de abril de 2009

Enquanto se espera...

.

enquanto se espera há uma vista longe, uma ideia fosca
do tudo, é o quase nada que se preze

enquanto se espera há uma tentativa molenga
das coisas que se desejam, de coisas impensadas

enquanto se espera, há uma coisa e outra
sempre um amarelo quase, quase amarelo, quase humano

enquanto se espera, há sempre uma tentativa perversa de desistir por nada...
por uma tentativa chorosa de se não seguir em frente
seguir meio de banda, de má vontade...
só de esgueira pra ver quem consegue

enquanto se espera, enquanto se demanda força
enquanto se convoca agente
há sempre quem se ache no meio de tudo
como que de praxe, mareando um sopro de alguma qualquer coisa da vida

enquanto se espera, quase se completa, por um triz que quase
um sorriso pleno no rosto, um conseguinte, um milagre
um palpitar concreto das coisas que funcionam
das coisas que gozam do gozo da existência
coisas que se acendem, resplandecentes nos rostos que despertam
do alvorecer daquilo que nasce novo

tudo nasce de novo, do novo que se segue à todo e quase...
e quase...'quase' é o todo que nos une...
é o todo que nos impulsiona a vida...
é a engrenagem...(estabanada eu diria)
daquilo que se almeja...

.