domingo, 29 de novembro de 2009

Café

delícia, deleite que me toma, me tranca e liberta...
liquída-te, liquido-te [sedenta], engulo-te!
do gozo de beber-te, calor que me consome inteira
diz vício, diz toque da minha mania insâna

doente me fico e me 'dou por' à abstinencia momentânea
mas se o colorido me toma desta hipocondria dirigida
mascavo, lático, lúdico, amargo e puro
tirano, enfio à guela esse pó escuro

maldita química mortífera que me leva os anos
adoça a vida corrente é puro engano
colheres de meia vez mergulham impunes
açúcares e doses de leite desnatado
[agito]

Último chá, às 5:34 do dia seguinte


beira á mesa a xícara de tons pasteis
sobre a espreita e olhares de um penar corroído
é fé arriada às penosas prossissões da cura
releva a amarga descida ao inferno que é

confronta numa luta ferrenha só com esperança
não deixa calar a batida do corpo estendido
tortura daquele que se dôa [afinco]
sabendo que do outro esperaria o mesmo

busca reter-se a porta dessa agonia
sob a conformação de uma perda precoce
de um leito vazio, de um quase 'revival',
quase uma nova sinfonia

corre a angustia latente a embriaguez incongruente de 'desmemórias' etílicas
alheia-se na imensidão de coisas passadas[vazio]
na elevação da alma alheia...

sábado, 28 de novembro de 2009

Paixonite

sigo abismado [perene] sobre a relva curta
escaldante sol latejante ardor brasil
corre nas veias o sangue das gotas que vem lah de dentro
fere o cupido a carne do amor juvenil

ferve doçura e encanto de tensa pele
corre batida no peito acelere e devasta
chora a medida que perde a favor da desgraça
mergulha no abismo da alma querendo voar

- e ele cravou e sangrou em seu seio seu desencanto...

Impróprio

tem compaixão de mim, figura desconhecida
se teces esta conversa de pontos, de pontes a desfrutar
carrega a minha vontade nas costas carnivora e canibalesca
confesso nao ver que chegue e hora de saciar

[perdão se nao pude evitar estas ideias quentes]

mas que não há seduçao em palavras diretas
cultivo a ideia que medra todo esse jogo, essa dança maneira de acasalar
de se entregar de se render, de quase ir, quase vir na onda alheia

mas de pés no chão, posso jurar que sou rude e encantadora criatura
cuja sedução desnuda é a pura falta de manha e molejo
guardo no peito a vontade nao de desfrutar da pura e diretamente
completamente, docemente, saborosamente e suculentamente a dita fruta
mas se não apenas um olhar e um beijo

e chega pra mim o cume do prazer e deleite!
da alma o mais puro e intenso
orgasmo...

Flashback

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Lunático!
guarda tua luz para quando trevas fores
guarda tuas cores, faz pintura encandecente
larga de contente se saudade é que te guia

Sorria meu caro amigo amargurado
que nao te devo nada alem de memorias infantis
embora nao te queira privar de uma saudade melodiosa
de sombras, beiras de arvores e migalhas de bolachas doces

manga de mim como se nao devesse a ninguém satisfaçao alguma
[dessas tuas risadas que feito fagulhas sintilam em noite escura]
guardando meus pés nas frias [noites] sob as cobertas
fazendo-me rir contigo na escuridão noturna que ascende
e fazendo poesia da minha mania de te gostar...
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

In formalidades


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É essa sua indiferença que me rasga ao meio
como que pedinte mendigando um gole dessa alegria que me trazes
fazendo para mim essas suas palavras sem dono
de quem tudo tem, de tudo que quer e deseja

não te quero agorar
mas espero que tenhas um grande amor nessa vida
que é tão cheia de tantas coisas que não sei bem o que são

e quem sou eu para te jugar e essas tuas palavras etílicas
a doçura que te escorre os dedos e chegam as pontas dos pés
sei que uma palavra tua me tras um nó na garganta
me tras aperto no peito e vontade de gritar

[de beijar, de abraçar, de arrancar(...), de morder, ate saciar essa sede 'canibalesca']

mas você é de risos e gargalhadas apressadas
de conversas velozes, saborosas
de birras e pirraças, de "tudo vai bem"
[God!] e de "tudo vai mal"...

perdoe-me por te traduzir [à mim] assim em tão poucas e curtas palavras
mas necessitava de externalizar toda minha paixonite afassaladora e momentanea[?]
meu desejo 'carniceiro', e minha esperança contida
de te ter um bocado para mim!

Te quero essa 'insaciância', essa ligeireza toda!

sem fôlego!

pra não perder a inocência, a irremediável entrega do minuto...
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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Perdão

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Pela boca que te cala os desvaneios
segue regrada a vida
são águas passadas

desfalecem o amor
não é borbulha do presente
é tradução daquilo que vivi outrora

não me perguntes mais
se te devo alento
acantos prevalecem nas formalidades da vida
no formalismo emotivo, da natureza da alma

[nas dores que forjam as dores da carne
é aperto no peito, é nó na garganta]


não me questionem amor
frente aquilo que vos grito
nada posso fazer, se são de sangue
os tais nós...

filhos...

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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Carta a quem convir

Lapidar a dor É um presente
Momento

Tudo que eu queria era te dar
O que de melhor havia em mim

Mas você se apoderou de mim
E quem era eu [Meu Deus!] pra te convencer
Que a vida passa, o mundo passa
As coisas giram no lugar

E eu que nunca fui de ser assim
Fiquei!
Por um momento lindo, Tao bonito
Me contive ali a me torturar de prazer
A admirar, a desejar, a me prender
Num ser que ainda nao sei bem

Mas como tudo que surge de repente na cabeça
Da cabeça mesmo volto pro lugar
Se for somente imaginação, porque [meu Deus!]
Ei de calar comigo, essa fraqueza que carrego
Esse ‘deslude’ que eu sinto
Essa mania marzoquista de gostar

Eu gosto mesmo é desse cheiro colorido
Esse aroma contido
Nas palavras que sussuram na lembrança

Mas não me resta nada
O que me resta é esperança
Que se não for assim
Que não seja ruim...
Para mim!
A desistência de você...

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amanheceu

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meu coração faz que para
dançando como que contente de ter, enfim, um sorriso teu
faz que cai e se balança, pendular, na alegria de ser seu amigo
é diário na esperança de ser seu pra sempre
mesmo que o pra sempre nunca mude da inexatidão
da lentidão encantadora e pacifica de um momento
um momento apenas, um momento sequer

parte de "Amanheceu"
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

deriva-me, devora-me

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toca o disco, que hoje é fita, hoje é música de coisa falada

na janela aberta, dispersa o perfume do meu amor
minha princesa encantada dos castelos que ergui outrora,
que vejo sucumbir [calada] no derradeiro destino de nós dois

que homem suporta [oh céus!] tamanha desgraça
da falência, a penitência de nada mais ser nessa vida
de nada ter, somente a vergonha dos dias inglórios

é fácil!
faz extensão da dor o cutelo...
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domingo, 1 de novembro de 2009

Viela

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recorri ao sangue[quente] naquela viela tensa e suja
que se fazia entre dois muros e visão alguma
eramos dois punhos serrados e um outro corpo bandido
eu era a sombra do peão acoitado
entre a imensurável desgraça dos 'de pés erguidos'
[ilhados infelizes mergulhados no orgulho de si mesmo]

nas fustrações constantes da alvenaria que se ascende
quase que sozinha frente ao seu executor coadjuvante
não era uma briga qualquer, não era uma luta mesquinha

era a disputa da carne e do suor
entre o criador e a criatura imponente
[é imponente nas igualdades dessa escala injusta]

pela sobrevivência nos becos de amargura
se não posso estar dentro dos portões protegidos
como me proteger de mim mesmo
e dos ferozes sem terra nem sol,
trancafiados do lado de fora do mundo dos que tudo tem

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