sábado, 12 de outubro de 2013

Marasmo

Acessei a internet
Esperando encontrar Deus
Ou um sinal que ele me mande [“escuta a voz interior”]
Mas hoje só há vazio
Um cenário nu e frio
Do calvário meu e teu


Amar é um caminho torto

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Canecolândia

Essa é a dor do que é ser o que é posto sobre a mesa
Um pedaço de carne, um copo vazio, um jogo de cartas, um tédio...
E no fim o que resta da festa que se faz, mesmo sozinho
É farelo...

domingo, 29 de abril de 2012

Último chá, às 5:34 do dia seguinte




beira á mesa a xícara de tons pasteis
sobre a espreita e olhares de um penar corroído
é fé arriada às penosas prossissões da cura
releva a amarga descida ao inferno que é

confronta numa luta ferrenha só com esperança
não deixa calar a batida do corpo estendido
tortura daquele que se dôa [afinco]
sabendo que do outro esperaria o mesmo

busca reter-se a porta dessa agonia
sob a conformação de uma perda precoce
de um leito vazio, de um quase 'revival',
quase uma nova sinfonia

corre a angustia latente a embriaguez incongruente de 'desmemórias' etílicas
alheia-se na imensidão de coisas passadas[vazio]
na elevação da alma alheia...

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Diretas... Já!

Em solidariedade aos que ainda tentam
vos privo de outro e qualquer esclarecimento
reservo à parte o gosto do meu desencanto

-
em 19 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Inadiável questionamento de Isabella

- Como é por dentro outra pessoa?

- As vezes cheio, as vezes vazio, as vezes quente, as vezes frio...

mas a maioria, ao que parece, é só por fora!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

enquanto alcool, enquanto pés, em quantos pés

meia milha, velha trilha
canta pneu roçando o vento
empina poeira e escorrega macio o fresco
na lama, lamacenta guerrilha de quatro pés
[em roda]

gira um segundo e vela
velha trilha corrediça, passadiça, quebradiça terra
aloma a noite estrelada maravilha empoeirada
manhanita, avermelhada tenso e forte
feito dor na nuca, dor de culpa e novelos [nós]

tenta, amor!

tenta fazer outro passo que este não é nosso!
alcoolicos jejuns, joelhos atônitos
em terra o pó
em terra a pedra cravante

eu te daria o céu meu bem
e todas as estrelas também
e toda a melodia afinada que eu não posso ser
por hora

sábado, 13 de novembro de 2010

Manuela

Manuela foi e não foi volta pra casa
pra arregar o almoço e saciar o umbigo
que pálido e sujo cola na costela
que enclausura as lombrigas
num retiro casto de leite e gordura

Manuela amarela corre descalça nas vielas da vida
saltita feito mula no lixo da feira do sábado de manhã
bem dizendo a dádiva divina que lhe faz correr

anda Manuela pelo meio do mundo de uma rua só
colhendo memórias e semeando lembranças
nos outros e outros que vêem Manuela só sorriso passar

Manuela não calça patrão algum
ela não pede nada, não mendiga, nem cheira o suvaco alheio

Manuela tem o dom não terreno, coisa super estranha
de gente de fora da terra, de gente de fora do mundo
de gente de outro lugar

Manuela cativa tão forte, tão rápido
gente que nunca viu Manuela na vida
por pura identificação das almas
coisas dos olhos que ninguém entende [é coisa só sentida]

Manuela não sabe contar mais que cem carneirinhos pulando a cerca
nem sabe se cerca é com "C" ou com "S"

mas Manuela sabe o que é perto e o que divide
sabe o que separa e o que junta
e sabe da impossibilidade da transferência de sentimentos por osmose

Manuela é menina esperta, menina sabida
que sabe mais coisa da vida do que todo mundo dessa sala
todo o mundo desse mundo
sabe mais coisa que todas as estrelas do universo

porque Manuela que é Manuela
já desistiu de contar e saber de tudo
pra descobrir que mais importante é o que se sente
das pontas dos dedos ao fundo da alma...