sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sexta casa de sete
frente a janela vazio
corre lá fora urgente
na pressa me perco no rio

marejado dos olhos da alma
carente de sede e de pressa
fecha a porta do peito
no ato na beira escorrega

derrama lágrima e vinho
tristeza é a cruz que carrega
dos dias vividos a fio
à margem, sedento desperta

carece de luz [passatempo]
o breu dos teus olhos padece
amor se constrói nos momentos
fermento de fé não é prece

é fogo queimante, ascendente
no peito alegria exala
não vejo no tunel finito
do abismo nao vejo escalada

só ida de quem acredita
medida nas pontas dos dedos
da alma soluço de vida
do corpo um ultimo apelo

desejo com todas as forças
que vingam em mim té agora
nã sei se mereço ser tudo
ser coisa, ser feito, ser hora

os nós na garganta e no corpo
ardentes cravantes serenas
sedentos de tântrico gozo
faz imensa alma pequena

no meu infinito de agora
dos dias iguais ritmados
não quero ser mais atropelo
e faço do último apelo

um pulso!

de quem inda tem fé na vida...

Dádiva

pé no freio, mão na marcha [acelera e devasta]
meio mundo de passante, passa a ‘zebra’ no volante
[por um fio atrofia o tic tac do relógio]

corre o dia, corre a via, corre e marca
[vê no chão as negras linhas já cantadas]
passa a fonte, passa o beco, passa a hora [atropelo]
contra-mão e contra-tempo, contraria, diz 'bom dia'
catracas e cartões de proximidade

meia hora, hora e meia, meio dia, sala cheia
hora extra, esfomeado, paletós e barras de cereais

pega folha, corta folha, engole a folha [autonomas]
nem se assustam mais com a pressa da partida [moídas]
goles negros e quentes, afago em copinhos com açúcar

pega a conta, paga a conta, olha a conta, conta o troco,
põe no bolso os trocados do seu Zé
vai de novo, cheio e pobre com mais 10

confere, liga, desliga, reclama, confirma
passa, transfere, repassa, esquece, repete e volta
meia hora, hora e meia, quase noite, sala cheia
quase 6 , quase lá, quase...e é agora!

Pega a pasta, põe na pasta, fecha a pasta, leva a pasta [vai embora]
vai de novo, vazio e pobre com mais 100
[musiquinhas de elevador pra que te quero]

embreagem, mão na marcha [acelera e devasta]
meio mundo se dirige, vai pra casa, tá na hora
é relógio que se arrasta, que se perde na buzina,
no embalo das meninas na avenida [açougue noturno: vende-se carne!]

chega em casa, ‘puta casa’
chega podre e vazio em pose para os 100 de cada bloco

põe a chave, gira a chave, maçaneta, abre porta fecha porta
põe a vida na mesa [corre um vulto, ou dois...]

e se deixa abraçar, acolher [exausto e inerte]
pelo não cotidiano...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Epifania

Queria mesmo era ser um desses caracóis
um desses cachos...me despentear...[perdida!]
enquanto você dança, doce, toda essa sua graça,
essa sua ginga morena, menina, mulher...

como criança, brincando de ser feliz[e brilha!]
Linda e apaixonante como raio de sol
que espreita à janela na manhã de domingo
[laranja e quente]

mas a dor e o ardor que bate, leva[ventania]
dando a cara a tapa, o gozo ao peito[agonia]
sem mais, antes que não te meça as palavras...

ai de mim que sou teu porta copos...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Laranjas mimo

Das pulgas noites [maresia e sereno]
devoto, santo luar que se vende
mendingando olhares, ardores e coito
das bocas livres, dos anos, dos ventres

a 'insaciancia' tola que ascende
fiz vicio e amor das nossas linhas tortas
fiz magia e pó do nosso excesso de química

pra quem não tem dó das poucas aspirinas
pensamentos ácidos, comentários úricos
e estrelas cadentes[alfinetadas, cínicas]

mas se faz de céu toda vã melancolia que nos prende
se fez de mar e mergulha [passatempo]
dos dengos a mais, das amoras e camisas de vênus
faz o paraíso dos sorrisos das manhãs[únicas]

cravando estacas no peito, como bandeiras de conquista
coração que ama não é bobo, é masoquista...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fantasias

Caraminholas na cabeça [estocando cachos]
Laços de fita cetim, presos a pele [suave]
Toque de cores e cordas, fantasiando espetaculos

Eu que nem queria ser este vulcão ou esta liga
Sinta na pele o aroma das auroras verdes [nada maduras ainda]

Mas quem não quer ser semente? [semeado?]

Tolo, me usa e lambusa, me joga e abusa campo minado]
Escalando, voando e explodindo...
em felicidade colorida!