domingo, 3 de outubro de 2010

Achados e perdidos

Faz um tempo
faz um bom tempo
faz um tempo bom aqui dentro
e dentro fica e dentro embala
toda a boa coisa, a boa nova
das velhas palavras

eu matutava o pó
sozinho e quietinho
na mansidão alvoroçada de dias iguais
de dias a mais e de dor [de dias mortais e com pressa]
eu mesurava os esforços da alma
balançeava cenas, media, comedia, emoldurava
títere [de cordas de aço]

tudo o que eu quero cabe
cabe e sobra num pedaço de um canto de papel de uma nota
cabe na fina ponta de um lápis
e queima feito palha na panela
que no meu peito explode feito fogos de artifícios

mas...como tudo que se acende se assenta
hoje penso em te entregar meu nó, meu pó, meu jeito
e andar duro e torto até os pés de vossa casa
apresentar a mazela e desgraça de desgarrada criatura
mendigar uma cura, um carinho, uma reza
pra fermentar minha fé, pra acalmar meu juizo
e trazer paz ao abrigo de um coração tensionado
pagar meus pecados bandidos com couro, com sal e água
e te entregar meus pés, meu chão, minhas costas
[como em prova de não temer mais nada
mais nada temo...]

mas que exiges muito desse coração tão recente
inda me questiono, remoendo momentos, momentos...
momentos...
por que fizestes brisas e cabelos?
por que fizestes perfumes e peles?
pra que fizestes dos olhos sorrisos?
e das palavras âncoras que penetram o coração profundamente....

se querías provas e defuntos resistentes...
tem paciencia comigo, que ainda não sou forte...
sou apenas louco de amor e juízo
por uma coisa e outra
uma aqui, outra acolá

e vivo de pedido em pedido
de perdão em perdão
pois culpado sou de tudo
de absolutamente tudo sou culpado

de te amar sobre todas as coisas
e de igual amar...

amar...

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.Pitacos alheios.